VIAGEM AO PODER

Sunday, October 22, 2006

Cu de menino

"...Será que tem alguma razão quando diz: "cu de menino e boca de juiz ninguém sabe o que diz"?..."

É sabido que a voz do povo não se deixa enganar e que é sábia. Também é sabido que entre as muitas verdades, algumas inverdades diz. Mas!...Será que tem alguma razão quando diz: "cu de menino e boca de juiz ninguém sabe o que diz"?
Esta foi a expressão que me ocorreu, logo que ouvi a noticia da sentença, relativa ao julgamento do caso das vítimas da ponte de Entre-os-Rios. Para mim, cumpriu-se mais um dito popular, a culpa morre sempre solteira. Afinal, até a "sapiência" dos juízes, cai por terra, face ao poder de tantas línguas. Pelo menos em relação às más, as do povo.
Por outro lado, também é sabido, que ao povo lhe são dadas razões de sobra, para ser como é. Agindo desta maneira incompreensível, é-lhe dada matéria infindável, para afiar a sua língua maledicente. E eu, também sou do povo.
Já que o povo de tudo se ocupa, de tudo sabe e tudo critica, façamos-lhe justiça. Ao menos, quando nos previne para o andamento da história.
Quando a tragédia da queda da ponte de Entre-os-Rios aconteceu, ouvi uns dias depois um advogado dizer: - a partir de hoje muita coisa vai mudar em Portugal. Recordo que pensei: é perfeitamente possível que assim seja. Também eu desejava que assim fosse. Infelizmente assim não foi, e a voz do povo continua tão activa que nos devia fazer parar para pensar.
É claro que essa voz pode ser injusta, mas se não queremos andar na voz do povo, não lhe podemos dar razão. E a realidade da nossa justiça não deixa de dar razão à critica. A própria estrutura em que se suporta, com "tribunais", uns acima de outros, como que a prevenir que quando uma instancia não cumpre os seus objectivos, haja uma outra acima, a que se recorra e que possa colmatar o "erro", ou seja a injustiça, só aumenta o grau de complexidade e a incompreensão, por parte daqueles que precisam de entender o que se passa.
Se a esta realidade tão complexa, como é a realidade dos tribunais, juntarmos a complexidade dos interesses com que tem de lidar, depressa se verá porque é que o resultado é tão desonroso, porque é que nem vale a pena dizer mais nada para além da citação: "cu de menino e boca de juiz ninguém sabe o que diz"...
Mais nada se ajusta a este momento. Só me apetece chorar.

Outubro 2006

Wednesday, October 18, 2006

VAZIO LEGAL?


“...Espero que a “ciência”, consiga ser mais eficiente que a política e que a justiça, já que a moral, vai ter muito que esperar. Ou será que não?!!!!...”

Em meados do mês de Junho, li no JN acerca duma análise anti doping em que um ciclista estava a ser acusado de dopagem. O cientista abordado na defesa do atleta punha a hipótese de ele, atleta, estar a ser vítima do seu irmão gémeo. É que, segundo ele, se a sua gestação tivesse sido “gemelar”, mas não daquelas que segue o seu curso “normal” até ao fim, e o seu “gémeo”, tivesse sido “absorvido” enquanto embrião, o atleta, que nasceu sem “irmão(s) gémeo(s)”, teria adquirido um sistema imunológico complexo, que por sua vez pode falsear as análises, no formato em que estamos habituados a encará-las. Para além, disso, o cientista, assegurava que esse comportamento imunológico, poderia desaparecer pura e simplesmente. Essa ocorrência, impedia de se fazer a confirmação da “absorção” do seu “gémeo”. Ora, desta forma, o atleta não pode ver confirmada a sua inocência, dando a entender, que na dúvida se deve inocentar o acusado. Ainda assegurava o cientista, que 20 a 30 % das gravidezes ditas “normais”, começavam desta forma, (com gémeos), e terminavam com apenas um nascituro. Sendo que, nessa gestação, um feto havia absorvido o seu irmão.
O meu curto “entendimento”, até se tranquilizou!!! Isto permite justificar, porque é que alguns fetos apresentam no seu interior, vestígios ou porções de outros. Permite admitir, que quando a medicina se depara com casos de rejeição, dos próprios órgãos do paciente, a explicação pode estar nos efeitos duma “absorção”, ocorrida na sua gestação.
A confirmar-se este “fenómeno”, vários problemas vai ser necessário levantar. Uns de ordem legal, outros de ordem moral.
Sabemos, que os fundamentalistas da moral querem que a vida humana seja considerada logo no momento da concepção,... (ou será da fecundação)?
Sabemos também que querem actuação punitiva, para quem agir fora desta norma. Já não poderemos falar apenas em aborto. Teremos de encarar também o “canibalismo”. Portanto, e sendo verdade a constatação de que falei no início, vai ser necessário processar muita gente. Por ventura, terá que perguntar-se a todos os indivíduos que nasceram sem irmãos gémeos, se essa é a verdade. Será que não absorveram nenhum “irmão”?
Não creio que os números apontados pelos cientistas, para a situação que a noticia descrevia, se coadunem com a realidade do nascimento de gémeos, e já nem estou a fazer diferenciação entre gémeos verdadeiros e falsos, quando comparada com a taxa de natalidade. Estamos num momento muito sério! Há que investigar a verdade!!!! A moral e a justiça assim o exigem!!!
Para os legalistas, virá outro problema. Vai ser necessário apurar responsabilidades. Será que a mãe tomou bem conta “do(s) seu(s) filho(s)”? Como é que se permite que um seu filho, “coma”, algum dos outros seus filhos? Ou será que vamos cair, mais uma vez, num vazio legal?!!!
E a questão não menos importante da herança, como é que vai ser se este canibalismo existir e for até uma prática antiga? É o Estado que vai ficar com a herança dos deserdados? Ou será que vamos ter de instituir novamente as ordens religiosas, para guardar e bem gerir tanto património?
Será que a nossa história vai ter que rescrever-se? Deixará o primogénito de ser reconhecido na prática cultural da humanidade?
Eu fico a aguardar. Não quero que me acusem injustamente, só peço que me seja concedido julgamento justo. Em consciência, posso jurar que não fiz mal a alguém. Espero que a “ciência”, consiga ser mais eficiente que a política e que a justiça, já que a moral, vai ter muito que esperar. Ou será que não?!!!!

Tuesday, October 17, 2006

Cotas? Para quem?
De tempos a tentos, quer queiramos quer não, a história repete-se. Umas vezes é fácil entender as razões das escolhas e respectivas justificações. Outras nem tanto. Às vezes basta um raciocínio imediato para percebermos porque nos vendem determinado “peixe”, outras há em que só uma boa reflexão nos poderá “libertar” do imbróglio que nos criaram. É mesmo necessário um exercício aprofundado para acalmar a nossa razão.
Vem isto a propósito de se dizer agora que este Governo está de facto a governar. Também concordo. Só que para min, está a receber apoios donde não se esperaria. Para a minha humilde, “sapiência”, algo está errado. Se não, sigam o meu raciocínio neste caso concreto. Está o Governo empenhado na melhoria do funcionamento do Sector Publico. Isso é bom. Fez, e tem anunciado, várias medidas nesse sentido e muitos concordaram.
Uma delas em particular tem a ver com o sistema de classificação de serviço dos funcionários públicos, que se tinha degradado na medida em que as diferentes chefias, nunca tiveram a coragem, nem a sabedoria necessária para levar à prática a diferenciação que sempre existiu entre pessoas. Gerir pessoas é de facto difícil. Então, apareceu um “Governo de Iluminados”, em 2004, que decidiu que o melhor era fixar cotas máximas de “Bom” e “Muito Bom”. (Dec. Reg. 19-A/2004 de 14 de Maio).
Isto me faz lembrar as cotas a aplicar ao numero de mulheres a ocupar lugares na política. Já que o respeito e a paridade, não aparecem naturalmente, obrigava-se por lei, as ditas, a entrarem, mesmo que para isso, mais tarde, fosse necessário aumentar o número de lugares para os ditos, “BOYS”.
Mas qual é afinal o problema perguntará o leitor? O problema é que o Governo, ao adoptar e a aplicar como boa, a ideia de uns quantos “iluminados”, está a aplicar a política do “mercador ladrão”, que ao contratar a compra de 100 escravos, garante logo ao “caçador”, que só irá pagar 25. É que, na sua perspectiva, dos 100 apenas um quarto, é que é de facto bom produto. Esse comportamento, não deixa de ser prepotente e maldoso. Só se aproveitam os “Bons”, leia-se fieis. O resto é tudo refugo, que só lhe vem trazer chatices e despesa, esquecendo que é do todo que se poderá obter a média. E é esse todo, que faz uma nação. Se a média está baixa, (leia-se fraca), então há que trabalhar para melhorar a média.
Primeiro, o Governo vem falar-nos da eficiência, da modernidade, do desenvolvimento e da produtividade de que o País carece, e depois contrata uns tantos “iluminados” para fazer aplicar a lei dos 25%. E quem vai classificar os “iluminados”? Isso não é importante? Será que o nosso País, tem tido realmente boas chefias? Ou será esse o verdadeiro problema, ou seja, a falta de chefias competentes? Porque será que no estrangeiro os Portugueses estão quase sempre entre os melhores?
Falando desta questão com um amigo, respondeu-me que no seu local de trabalho, decidiram que não tinham que ser os executores das “asneirolas”, do Governo. Mas aí, interroguei-me eu. Então como é que, aqui, dum momento para outro, encontro tantos apoiantes e executores das ideias e políticas do Governo? Ainda por cima, onde nunca vi qualquer “bandeira”, favorável ao actual partido da governação?
Para min só pode haver uma justificação. Afinal de contas, a oposição, aquela que se movimenta fora dos “corredores da política”, descobriu uma forma bem mais fácil de enterrar o Governo. Basta-lhes apoiar as piores iniciativas e esperar pelo resultado. O Governo afinal vai desgovernar. Os apoiantes ficam com a sua influência nas estruturas de decisão reforçada, não se comprometem porque estiveram apenas a cumprir ordens, continuam a ser os “verdadeiros defensores” da Pátria e fazem as classificações de serviço de modo a premiar aqueles que se lhes ajustam. Assim, tudo ficará bem “no Reino do Faz de Conta”.
Já agora, o meu apreço para aqueles que, sem esperarem pelo reconhecimento, sempre deram o melhor de si, dando créditos infinitos a este “jardim à-beira-mar” plantado. É claro que estou a falar de emigrantes, desejando aos nossos compatriotas no Canadá em especial, a melhor sorte, para as suas já difíceis vidas.
PS: Escrito em Abril de 2006

Friday, October 13, 2006

Só me apetece chorar.....

De facto, não se vê, e eu disse-o Domingo passado mas não vi publicado, que os jornalistas, tem muita responsabilidade, no estado de impunidade que uma certa criminalidade, acha que tem direito a ter. É preciso apoiar a Policia quando se comporta segundo a sua obrigação, ou criticá-la se for esse o caso. E neste caso, aqui na região do Porto, temos alguns exemplos recentes de actuação atempada e com alguma eficácia. O Policia estará a falhar às suas obrigações, se errar o alvo que está tentando fugir à detenção, pondo em risco a segurança do Policia e dos restantes cidadãos, que se empenham de forma permanente em cumprir os seus deveres de cidadania, comportando-se com respeito pela ordem e pela propriedade. Aqui, os Jornalistas, Advogados e alguns Juízes, tem muito a dever ao País em que vivem.
Faça-se justiça a quem a merece. A Policia merece uma salva de palmas. Este espaço deveria cumprir também a sua obrigação, "acho eu de que"....

PS: Este foi o meu comentário ao texto seguinte publicado no Portugalclub. Façam os vossos.


“VIVAM OS CRIMINOSOS
ABAIXO A POLICIA

È o que apetece dizer depois de mais um caso mediático por dois soldados da GNR terem disparado durante uma perseguição a uma carrinha roubada, que acabou com um cadastrado e uma das suas duas acompanhantes feridos a tiro, em Grijó, Gaia.
Quem assistiu aos noticiários televisivos pode ver a ?indignação? dos familiares dos baleados. Até parecia que os criminosos eram os policias e os verdadeiros criminosos os inocentes. E lá estavam todos à porta do Tribunal para insultar os soldados da GNR. A “mamã” da
menina baleada estava indignada, não pela filha andar com cadastrados armados e em carro roubado, mas por ter sido baleada quando fugia à perseguição policial.
Vamos desarmar as polícias, que só irão ter direito a arma quando estiverem a proteger o bom funcionamento das salas de chuto, não vão os malditos cidadãos cumpridores e pagadores de impostos, alterarem a ordem pública.

Manuel Abrantes”

Tuesday, October 10, 2006

Ora vamos lá a coisas sérias.
Nem estive a ler com o intuito de saber se gosto ou se diria doutra forma. Estive apenas interessado, no sentimento, no estado de alma, na ansiedade de sair dum estado de espírito, que te vai atormentando. Mas não fiquei apreensivo. Estás consciente da tua “fraqueza” e ao mesmo tempo reagindo e controlando-a. É bom. Não tens que te inquietar. Já és dona dos teus pensamentos e como tal vais tê-los a jeito, como sói dizer-se. É apenas uma questão de tempo. Não esqueças que a sensação de impotência, é apenas sensação. Pensa antes que o que não tem remédio, remediado está. E também não és a única pessoa a ter de lidar com isso. Também tenho um dilema semelhante, ou talvez duplo.
A minha mãe agora teve que ir para casa duma nora. Embora sempre tivesse (e ainda tem), com ela uma boa relação. Inclusivamente quando o meu irmão casou, foi para a guerra de África e depois do regresso, também, moraram em nossa casa. Só que para a minha mãe agora com mais de 90 anos, já com uma grande dependência física e viúva, teve que entrar numa nova vivência, e isso não é fácil para ninguém, muito menos para um idoso e com a dependência que a idade e a pouca saúde produzem.
Então não é que a minha sogra com cerca de 80 anos, tem alzheimer. Estando numa fase em que já desestabiliza tudo e todos. E não é que depois do meu sogro ter tido uma situação de doença aguda que o levou ao hospital, levando a que os filhos tentassem contratar alguém que ficasse na casa deles para não terem uma vida tão complicada, ele decidiu recusar, ter alguém contratado em sua casa.
Resta-me viver um dia de cada vez. Com calma e deixar que a lei da vida se imponha. É ela que tudo determina. Tens dúvidas? Eu procuro nem as pôr.
Minha amiga. Vamos viver um dia de cada vez. Cuidar dos nossos males, Ter algum egoísmo, para estar resistente o bastante, para quando chegar a nossa vez. Tempos houve em que andei tão deprimido assim. Insatisfeito com a vida que tinha, constantemente preocupado com a vida que podia ter, com os sorrisos e abraços de que tinha saudades. Procurando algo que sei lá se existe.
Hoje estou mais tranquilo. Digo mais o que me apetece, tentando não magoar os outros, mas sem a preocupação nem a ansiedade de o conseguir ou não. Homens e mulheres terão sempre diferenças, buscarão no outro o que não tem, mas serão eternamente insatisfeitos.
De ti, queria um abraço bem apertado, bem quente, bem demorado. Sei que não é possível, mas continuo a dizer que gostaria de o ter. Para que sintas que gosto do teu sorriso e não me importa que achem que estou a ser atrevido.
Porto, 2004

Wednesday, October 04, 2006


O MENSAGEIRO
Desde que D. Quixote decidiu que era tempo de se afastar das lides, no seu “CASTELO”, Sancho Pança, jamais pudera dormir descansado. Não sabia se teria continuidade, na laboriosa tarefa de apoiar seu “Amo”. Até porque, nem sabia quando poderia começar a tratar o futuro capitão, como o predisposto, o afortunado, o justo, o glorioso. E isso inquietava muito Sancho. Sua imagem e eficiência, de fiel escudeiro, andava apagada. Por enquanto, apenas poderia contar que suas aventuras, as suas longas jornadas de luta, estavam condenadas a mudar de terreiro. Mudaria talvez a raça dos cavalos da escudaria, mudaria a escola de equitação, talvez tivesse que deixar de lado seu velho amigo “roncinanrte”, mas seu novo “amo”, haveria de sair de entre algum dos “fidalgos” a quem D. Quixote, ajudara de alguma forma a tornar cavaleiro e isso, já era uma vantagem sua. Tranquilizou-se, porque seu empenho, estaria votado por algum tempo, à tarefa de garantir, que naqueles montes e vales não se perfilassem armadilhas nem outros “cavaleiros andantes”, que lhe trouxessem má sorte ou futuro desditoso. Seu potencial nem poderia perigar, pois conhecia “o reino” melhor que ninguém, e ninguém manejava as artes de bem servir a “corte” melhor do que ele. Estava sempre garantido.
Foi com essa certeza, e com a confiança no futuro prometido, que decidiu embarcar por águas antes navegadas, num retiro deleitado, longe de seu fiel “roncinante”, livre da escudaria e das muralhas do “Castelo”, e do seu (ainda senhor!!!). Partiu tranquilo e confiante, pois as Ninfas de Poseidon, as Tágides, as Nereides e até Baco, estariam alerta, encarregues de lhe trazer novas, anunciando para breve a resignação de seu “amado senhor”. Dormiria tranquilo, como criança linda, rechonchuda e segura, nos braços de Dona Dulcineia, que tão fielmente servia D. Quixote e tanto desagradava Sancho Pança, que embalado ele mesmo, pelos braços de Tritão, estaria longe mas ao mesmo tempo tão perto.
Quando por fim D. Quixote, faz pública a missiva do Rei, libertando-o da defesa da Praça Forte, que durante tanto tempo galharda e tenazmente defendera, faz também e no mesmo conselho de guerra a entrega simbólica da sua “lança” para as mãos de um dos seus generais. Para espanto de D. Quixote, já Sancho Pança se antecipara a correr noticia, deixando mais uma vez seu “amo”, apeado, ledo e quedo, sem entender como tal fora possível, desconfiando de todos no seu “Castelo”.
Percebendo de imediato a deslealdade confessada, de pronto, Sancho acalma seu “senhor”, com jura de eterna e duradoura amizade, com lealdade infinita e que continuará bem segura, fora do “Castelo”, já que dentro, não estavam suas Ninfas do conhecimento antecipado e que lhe fora segredado, bem longe e sem qualquer restrição. Com essas palavras, francas e directas, resolveu a contenda. De seguida, apressou-se a transmitir os novos deveres, ao general empossado, portador da “lança” sagrada, já que a urgência da “batalha” a tanto o exigia.
PS: Qualquer semelhança com a realidade é pura ficção