O MENSAGEIRO
Desde que D. Quixote decidiu que era tempo de se afastar das lides, no seu “CASTELO”, Sancho Pança, jamais pudera dormir descansado. Não sabia se teria continuidade, na laboriosa tarefa de apoiar seu “Amo”. Até porque, nem sabia quando poderia começar a tratar o futuro capitão, como o predisposto, o afortunado, o justo, o glorioso. E isso inquietava muito Sancho. Sua imagem e eficiência, de fiel escudeiro, andava apagada. Por enquanto, apenas poderia contar que suas aventuras, as suas longas jornadas de luta, estavam condenadas a mudar de terreiro. Mudaria talvez a raça dos cavalos da escudaria, mudaria a escola de equitação, talvez tivesse que deixar de lado seu velho amigo “roncinanrte”, mas seu novo “amo”, haveria de sair de entre algum dos “fidalgos” a quem D. Quixote, ajudara de alguma forma a tornar cavaleiro e isso, já era uma vantagem sua. Tranquilizou-se, porque seu empenho, estaria votado por algum tempo, à tarefa de garantir, que naqueles montes e vales não se perfilassem armadilhas nem outros “cavaleiros andantes”, que lhe trouxessem má sorte ou futuro desditoso. Seu potencial nem poderia perigar, pois conhecia “o reino” melhor que ninguém, e ninguém manejava as artes de bem servir a “corte” melhor do que ele. Estava sempre garantido.
Foi com essa certeza, e com a confiança no futuro prometido, que decidiu embarcar por águas antes navegadas, num retiro deleitado, longe de seu fiel “roncinante”, livre da escudaria e das muralhas do “Castelo”, e do seu (ainda senhor!!!). Partiu tranquilo e confiante, pois as Ninfas de Poseidon, as Tágides, as Nereides e até Baco, estariam alerta, encarregues de lhe trazer novas, anunciando para breve a resignação de seu “amado senhor”. Dormiria tranquilo, como criança linda, rechonchuda e segura, nos braços de Dona Dulcineia, que tão fielmente servia D. Quixote e tanto desagradava Sancho Pança, que embalado ele mesmo, pelos braços de Tritão, estaria longe mas ao mesmo tempo tão perto.
Quando por fim D. Quixote, faz pública a missiva do Rei, libertando-o da defesa da Praça Forte, que durante tanto tempo galharda e tenazmente defendera, faz também e no mesmo conselho de guerra a entrega simbólica da sua “lança” para as mãos de um dos seus generais. Para espanto de D. Quixote, já Sancho Pança se antecipara a correr noticia, deixando mais uma vez seu “amo”, apeado, ledo e quedo, sem entender como tal fora possível, desconfiando de todos no seu “Castelo”.
Percebendo de imediato a deslealdade confessada, de pronto, Sancho acalma seu “senhor”, com jura de eterna e duradoura amizade, com lealdade infinita e que continuará bem segura, fora do “Castelo”, já que dentro, não estavam suas Ninfas do conhecimento antecipado e que lhe fora segredado, bem longe e sem qualquer restrição. Com essas palavras, francas e directas, resolveu a contenda. De seguida, apressou-se a transmitir os novos deveres, ao general empossado, portador da “lança” sagrada, já que a urgência da “batalha” a tanto o exigia.
PS: Qualquer semelhança com a realidade é pura ficção
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