VIAGEM AO PODER

Tuesday, October 10, 2006

Ora vamos lá a coisas sérias.
Nem estive a ler com o intuito de saber se gosto ou se diria doutra forma. Estive apenas interessado, no sentimento, no estado de alma, na ansiedade de sair dum estado de espírito, que te vai atormentando. Mas não fiquei apreensivo. Estás consciente da tua “fraqueza” e ao mesmo tempo reagindo e controlando-a. É bom. Não tens que te inquietar. Já és dona dos teus pensamentos e como tal vais tê-los a jeito, como sói dizer-se. É apenas uma questão de tempo. Não esqueças que a sensação de impotência, é apenas sensação. Pensa antes que o que não tem remédio, remediado está. E também não és a única pessoa a ter de lidar com isso. Também tenho um dilema semelhante, ou talvez duplo.
A minha mãe agora teve que ir para casa duma nora. Embora sempre tivesse (e ainda tem), com ela uma boa relação. Inclusivamente quando o meu irmão casou, foi para a guerra de África e depois do regresso, também, moraram em nossa casa. Só que para a minha mãe agora com mais de 90 anos, já com uma grande dependência física e viúva, teve que entrar numa nova vivência, e isso não é fácil para ninguém, muito menos para um idoso e com a dependência que a idade e a pouca saúde produzem.
Então não é que a minha sogra com cerca de 80 anos, tem alzheimer. Estando numa fase em que já desestabiliza tudo e todos. E não é que depois do meu sogro ter tido uma situação de doença aguda que o levou ao hospital, levando a que os filhos tentassem contratar alguém que ficasse na casa deles para não terem uma vida tão complicada, ele decidiu recusar, ter alguém contratado em sua casa.
Resta-me viver um dia de cada vez. Com calma e deixar que a lei da vida se imponha. É ela que tudo determina. Tens dúvidas? Eu procuro nem as pôr.
Minha amiga. Vamos viver um dia de cada vez. Cuidar dos nossos males, Ter algum egoísmo, para estar resistente o bastante, para quando chegar a nossa vez. Tempos houve em que andei tão deprimido assim. Insatisfeito com a vida que tinha, constantemente preocupado com a vida que podia ter, com os sorrisos e abraços de que tinha saudades. Procurando algo que sei lá se existe.
Hoje estou mais tranquilo. Digo mais o que me apetece, tentando não magoar os outros, mas sem a preocupação nem a ansiedade de o conseguir ou não. Homens e mulheres terão sempre diferenças, buscarão no outro o que não tem, mas serão eternamente insatisfeitos.
De ti, queria um abraço bem apertado, bem quente, bem demorado. Sei que não é possível, mas continuo a dizer que gostaria de o ter. Para que sintas que gosto do teu sorriso e não me importa que achem que estou a ser atrevido.
Porto, 2004

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